Saturday, April 20, 2024

Farmácia - árabe

 FARMÁCIA herança muçulmana

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hammad, o profeta do Islã, disse que para cada doença criada por Allah para testar os seres humanos, o Altíssimo também havia criado um remédio equivalente para cura-la, cabendo ao homem usar seu intelecto divinamente concedido para a encontrar. O proprio Profeta receitou vários aos seus seguidores, que iam desde de hábitos saudáveis à combinação de alimentos e substancias. No século XIII, o erudito muçulmano Ibn Qayyim al-Jawziyya chegou até mesmo a compilar um livro inteiro famosamente conhecido como "A Medicina do Profeta'', no qual reuniu as injunções de Muhammad sobre o assunto, e as explicou.


No século IX, houve uma rápida expansão das farmácias privadas nas grandes capitais do mundo islâmico medieval. Inicialmente, estas não eram regulamentadas ou gerenciadas de forma profissional, fazendo os governantes islâmicos elaborarem uma solução para os vendedores de "falsos curativos''. Decretos dos califas abássidas Al-Ma'mun (786-833) e Al-Mu'tasim (796-842) passaram então a exigir exames para licenciar farmacêuticos e os estudantes de farmácia eram treinados em uma combinação de exercícios em sala de aula, juntamente com experiências práticas cotidianas com drogas, criando um dos primeiros exames de certificação farmacêutica da história. 


Para evitar conflitos de interesse, médicos eram proibidos de possuir ou compartilhar a propriedade de uma farmácia, afim de que não fossem os próprios aprovadores da eficácia dos remédios que vendiam, criando uma distinta separação entre a profissão de médico e farmacêutico como as conhecemos hoje. As farmácias eram inspecionadas periodicamente por fiscais do governo, chamados em árabe de muhtasib ou "inspetores'', que verificavam se os remédios eram misturados adequadamente, não diluídos para ''render mais'' e mantidos em frascos limpos. Os farmacêuticos infratores eram multados ou espancados por colocar a saúde pública em risco.


Nos manuais farmacêuticos de Ibn Sina (Avicena) do século XI, nos quais nosso polímata combinou 760 formulas para medicamentos, temos um vislumbre de algumas regras dos testes farmacêuticos do mundo islâmico medieval:


1-O medicamento deve estar isento de qualquer efeito acidental estranho.

2-Deve ser usado em uma doença simples, não composta.

3-O medicamento deve ser testado com dois tipos contrários de doenças, porque às vezes um medicamento cura uma doença por suas qualidades essenciais e outra por suas qualidades acidentais.

4-A qualidade do medicamento deve corresponder à força da doença. Por exemplo, existem alguns medicamentos cujo calor é menor do que a frieza de certas doenças, de modo que não teriam efeito sobre elas.

5-O tempo da ação deve ser observado, para que essência e ação não se confundam.

6-O efeito da droga deve ser visto como ocorrendo constantemente ou em muitos casos, pois se isso não aconteceu foi um efeito acidental.

7-A experimentação deve ser feita com o corpo humano, pois testar uma droga em um leão ou um cavalo pode não provar nada sobre seu efeito no homem.


Bibliografia:


-Hadzovic S. Pharmacy and the Great Contribution of Arab-Islam ic Science to its Development. Med Arch 1997; 51: 47-50.


-Kamal H. Encyclopedia of Islamic Medicine. Cairo: General Egyptian Book Organization 1975.


-Levey M. Early Arabic Pharmacology. Leiden: EJ Brill 1973.


-Savage-Smith E. Islamic Culture and the Medical Arts. Bethesda: National Library of Medicine 1994.


-Tschanz DW. The Arab Roots of European Medicine. In: Aramco World, May-June 1997.

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